terça-feira, 6 de maio de 2008

Arte funerária


Ouvi Antonio Abujanra perguntar para Arnaldo Antunes como ele queria morrer. Arnaldo respondeu: sem saber. Meu pai morreu sem saber que morreria naquele dia. Levantou-se da cama numa manhã de domingo e caiu no banheiro. Eram 8 horas. Tínhamos discutido no dia anterior. Nunca tive a chance de dizer-lhe que o amava. Espero que meus filhos façam o que não fiz. Só não quero ser enterrada no cemitério da foto, que tem 112 anos e abriga os restos de meus tataravós, bisavós, avós. Meu pai está enterrado na cidade onde passou a infância. Minha mãe, ainda viva graças a Deus, quer ser cremada. Quero o mesmo que minha mãe quer.

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