sábado, 31 de maio de 2008

Autoria de Rosa Kapila

O poema abaixo foi extraído do blog de Rosa Kapila

30/05/2008

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INFRENE AO VENTO

“Não me confino mais às curvas da cozinha,

pois há muito saí da casca dos tomates. E me cortei sozinha.”

( Suzana Kfouri Vargas)



“Mas todo caminhante foge de si

De olhos luminosos que fixem anúncios de última hora.”

(Maurício Salles Vasconcelos)





Foi-se o tempo em que eu queria dormir no peito

De alguém dentro de um táxi, sonolenta de viagem.

Será que o amor azedou?

Dá susto compreender de súbito que o tempo passa

Saio para passear, sozinha, disposta a sentar-me no

Café do Cinema Odeon

Um café grosso, maquinado, pós-moderno

Que não havia antigamente me é servido

Com uma hóstia da cor da roupa de São Francisco de Assis

E canela amarga...

Sorrio

Vem a epifania de Suzana e Maurício

(...) Saíamos da UFRJ, Av: Chile

e ficávamos ali no Amarelinho comendo frango à passarinho

Às vezes, Chico Buarque tomava um chope numa mesa ao lado

Eu ria, dizendo: ainda seremos três grandes poetas desse país!!!!!

Anos lindos de 1979.

Agora estou aqui, sentada num banco de madeira

Mirando a mesa em que o triunvirato sentava.

Parece um sonho!

Ou como diria Maurício: “coisas dos possíveis narrativos”

Ou outras vidas!

Hoje, fico contemplativa!

Raciocino

Não há mais a rosa agônica de 79

Trinta anos nessa noite!

Tantas portas fechadas eu restaurei

Que restaurar as câmaras de minha memória

Servem para abafar zumbidos

Sonolentos

Hoje eu sou apenas

Uma flor em fuga.

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