O poema abaixo foi extraído do blog de Rosa Kapila
30/05/2008
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INFRENE AO VENTO
“Não me confino mais às curvas da cozinha,
pois há muito saí da casca dos tomates. E me cortei sozinha.”
( Suzana Kfouri Vargas)
“Mas todo caminhante foge de si
De olhos luminosos que fixem anúncios de última hora.”
(Maurício Salles Vasconcelos)
Foi-se o tempo em que eu queria dormir no peito
De alguém dentro de um táxi, sonolenta de viagem.
Será que o amor azedou?
Dá susto compreender de súbito que o tempo passa
Saio para passear, sozinha, disposta a sentar-me no
Café do Cinema Odeon
Um café grosso, maquinado, pós-moderno
Que não havia antigamente me é servido
Com uma hóstia da cor da roupa de São Francisco de Assis
E canela amarga...
Sorrio
Vem a epifania de Suzana e Maurício
(...) Saíamos da UFRJ, Av: Chile
e ficávamos ali no Amarelinho comendo frango à passarinho
Às vezes, Chico Buarque tomava um chope numa mesa ao lado
Eu ria, dizendo: ainda seremos três grandes poetas desse país!!!!!
Anos lindos de 1979.
Agora estou aqui, sentada num banco de madeira
Mirando a mesa em que o triunvirato sentava.
Parece um sonho!
Ou como diria Maurício: “coisas dos possíveis narrativos”
Ou outras vidas!
Hoje, fico contemplativa!
Raciocino
Não há mais a rosa agônica de 79
Trinta anos nessa noite!
Tantas portas fechadas eu restaurei
Que restaurar as câmaras de minha memória
Servem para abafar zumbidos
Sonolentos
Hoje eu sou apenas
Uma flor em fuga.
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