segunda-feira, 5 de maio de 2008

Guerra contra os celulares e outros eletrônicos


Na Suécia, uma nova síndrome vem sendo diagnosticada: a da eletrossensibilidade. Para quem não sabe, síndrome se define por um conjunto de sintomas de causas não muito definidas. Esses suecos têm sido chamados de eletro sensíveis. Alguns deles já usam capacete anti-radiações, uma espécie de mosquiteiro cuja grade de prata protege das microondas espalhadas pelo universo, que são veiculadas por celulares, antenas emissoras receptoras, equipamentos Wi-Fi. Outros penduram nas janelas véus feitos de uma fibra especial, metalizada, destinada a bloquear os campos eletromagnéticos. Já existem até os chamados apartamento eletro-saneados, por meio da instalação de pinturas protetoras, de cortinas-escudos e de filtros em forma de filmes aplicados sobre os vidros das janelas. Uma das vítimas dessa síndrome, Sylvia Lindholm, recebeu da prefeitura de Estocolmo uma doação de 18.000 euros (cerca de R$ 45.800) para a reforma de seu apartamento. Na sala do colégio onde ela leciona, os néons foram retirados,os alunos deixam seus celulares no armário do vestiário e todo mundo mostra-se compreensivo, desde que o médico do trabalho a diagnosticou "eletro sensível".
Quem reformou o seu apartamento foi Lars Rostlund um engenheiro em eletrônica, que depois de uma sessão de massagem eletrônica começou a sentir os olhos arderem no contato com a luz e seu olfato assinalar cheiros que ele não percebia anteriormente. "Tive a sensação de ter superpoderes, de estar evoluindo num mundo paralelo, ter sentimentos irreais”. Desde então, Lars se protege o máximo possível, vota nos ecologistas, e especializou-se na caça aos campos eletromagnéticos: o seu faturamento anual é de 300.000 euros (cerca de R$ 763.000). Ele vende desde cabos dotados de franja em espiral, lâmpadas sem ondas, até aparelhos de detecção, ou kits "mãos livres" para telefones celulares cujos cabos são tubos de plástico dentro dos quais o som, como nos estetoscópios, é veiculado pelo ar.
Os eletro sensíveis já seriam mais de 300.000 só na Suécia. Eles têm uma associação, a FEB, com 2.500 integrantes, que faz parte da Federação Nacional dos Deficientes Físicos.O Estado evita divulgar números, consciente de que isso pode prejudicar sua balança comercial: a maior companhia do país é a Sony Ericsson, um dos cinco gigantes mundiais da telefonia celular.
É verdade que quando surgem novas tecnologias, as pessoas ficam com medo. A explicação mais disseminada para explicar os eletro sensíveis é que se trata de uma psicose coletiva, orquestrada pela mídia e a Internet. Mas é verdade, também, que Olle Johansson, um cientista respeitado até concordar com a idéia da eletrossensibilidade, já não recebe mais nenhuma verba para as suas pesquisas. Será que essas pessoas estão certas, pergunto eu? Não podemos esquecer que passou muito tempo até se descobrir que os marcapassos cardíacos emitiam radiação que poderia causar câncer. Na dúvida, começo a pensar em importar os objetos que Lars Rostlund vende na Suëcia.

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