Outro livro distribuído pelo governo José Serra a alunos do Ensino Fundamental vem causando constrangimento a pais, alunos e professores da rede. A reunião de contos do poeta Manoel de Barros, intitulada Memórias Inventadas, foi entregue no início do ano letivo a estudantes da 6ª série. O material foi considerado por especialistas inadequado para a faixa etária escolhida: entre 11 e 12 anos. Dos 42 contos do livro, quatro foram apontados por professores por possuírem termos de conotação sexual ou ainda palavrões. Para os pais, a escolha do livro foi um erro que precipitou a discussão da sexualidade. Para a coordenadora do curso de Psicopedagogia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Neide Noffs, a escolha foi precipitada. "Não é um conteúdo necessário para essa faixa etária. Temos muitas outras informações que são relevantes e que deveriam ter prioridade na escola". Neide ressalta ainda que não se trata de um discurso moralista. "Alguns temas devem ser abordados com cuidado na sala de aula, especialmente contos e obras de ficção."
Ainda assim, a especialista não questionou a qualidade do livro. "A preocupação é que assuntos como sexualidade e valores não podem ser simplesmente jogados. Eles precisam ser bem trabalhados, explicados." Em nota, a Secretaria de Educação explicou que o livro faz parte de um kit distribuído aos cerca de 5 milhões de alunos para estimular a leitura. A escolha, ainda segundo a nota, foi feita por "uma comissão de especialistas da Secretaria e das mais respeitadas universidades brasileiras." Para Edgar Fernandes Neto, coordenador da subsede de Santo André e diretor da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), há um descaso da atual administração com a Educação. "Quem pauta os livros que são distribuídos são as editoras. Não há nenhum compromisso do governo em analisar a utilidade de um livro como este na sala de aula."
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