Um grupo de ex-funcionários da Shell, empresa que produziu defensivos agrícolas em Paulínia nas décadas de 70 e 80, fez um ato ontem à tarde em frente ao Fórum de Paulínia para lembrar os 51 colegas de trabalho que morreram nos últimos 14 anos. Eles colocaram 51 cruzes brancas no canteiro central da Avenida Nove de Julho para homenagear os colegas mortos. Segundo Francisco Tavares Gomes, da Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq), os companheiros de trabalho morreram de forma precoce por problemas relacionados à exposição a compostos cancerígenos usados na produção da planta localizada no Recanto dos Pássaros.
O protesto foi feito durante uma audiência do processo coletivo em que os ex-funcionários pleiteiam o pagamento de um plano de saúde vitalício. A Shell Química do Brasil divulgou nota através de sua assessoria de imprensa onde informa que a empresa apresentou suas defesas na audiência de ontem e, durante os prazos que lhe foram concedidos, também entregará os seus documentos e manifestações adicionais. Acrescenta que está convencida de que não existe ligação entre as operações de sua fábrica em Paulínia no passado e as eventuais queixas de saúde alegadas pelos seus ex-funcionários. A Basf também divulgou nota, afirmando que não tem responsabilidade na questão de contaminação na fábrica que pertencia à Shell. O Caso Shell em Paulínia foi registrado como um dos maiores desastres ambientais do País, com a contaminação do solo, águas subterrâneas e de trabalhadores por resíduos tóxicos e metais pesados. Cerca de 30 mil pessoas conviveram por 25 anos com os efeitos tóxicos e nocivos da indústria química. Em 1995, a multinacional protocolou uma autodenúncia de contaminação da área no Ministério Público Estadual e, no ano seguinte, um laboratório norte-americano divulgou que os níveis de contaminação estavam 16 vezes maiores que aqueles permitidos para a preservação da saúde humana. Em 2005, o Ministério da Saúde concluiu relatório em que acusa a Shell e a Basf de negligência, imperícia e imprudência nas atividades antigas e atuais da área. Em 2006, o primeiro laudo médico-pericial que comprovou contaminação química de um ex-trabalhador da Shell Brasil e da Basf S.A., de Paulínia, chegou à Justiça do Trabalho, na 1ª Vara do Trabalho de Paulínia. Em 2007, o Ministério Público do Trabalho considerou concluído o processo de investigação do caso. Decidiu ajuizar uma ação civil pública indenizatória milionária contra a Shell Química do Brasil e a Basf.
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