segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Em Franca, gestão do Estado prejudica a Saúde

A gestão da saúde, antes responsabilidade exclusiva da Prefeitura de Franca, passou para o governo do Estado, que, sem querer pagar mais para a Santa Casa francana, manda pacientes da cidade se tratarem em outros centros. Para atender quem não pode pagar, o governo tem um contrato de prestação de serviços com a Fundação Casa de Misericórdia (que inclui a Santa Casa, o Hospital do Coração e o Hospital do Câncer). Nele, estão estipuladas quantas cirurgias o complexo hospitalar está autorizado a realizar por mês, quantos exames e quase todo procedimento médico. Em troca, a fundação recebe uma verba mensal.O problema é que, nem sempre, a cota estipulada no contrato é suficiente para atender a toda demanda. Quando existem mais pacientes na fila por uma cirurgia do que o determinado pelo papel entra em cena um recurso conhecido nos meandros da Saúde Pública como extrateto, que é uma verba paga a mais para o hospital realizar o serviço extra. Até 2007, quando a gestão de Saúde ainda pertencia à Prefeitura, esse recurso era muito utilizado. Realizava-se o procedimento em Franca e, depois, Prefeitura e Estado pagavam a mais para o hospital. Mas desde que o governo estadual passou a gerenciar a saúde, isso mudou. Em vez de pagar a mais, os números mostram que o governo tem preferido mandar os pacientes se tratarem em centros que ainda não atingiram sua cota.A decisão seria uma forma de economizar recursos. Mas para os pacientes e acompanhantes que levantam de madrugada em busca de atendimento transformou-se num verdadeiro suplício. Eles enfrentam quilômetros dentro de um ônibus, se alimentam mal e voltam para casa só à noite.Com a mudança na gestão da saúde há dois anos, as viagens para cidades da região sofreram um salto. Dados da própria Secretaria Municipal de Saúde apontam que são, em média, 96 viagens mensais. No caso de Ribeirão Preto, o transporte ocorre quase todos os dias. São Paulo aparece em seguida com 22 viagens. Para Barretos, elas ocorrem uma vez a cada dois dias. O transporte é feito por dois ônibus (capacidade para 44 lugares), um micro-ônibus (capacidade para 24 lugares), além de duas ambulâncias. Do total de pacientes que viajam, nem a Secretaria Municipal nem a Estadual informa quantos poderiam ser tratados em Franca.

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