sexta-feira, 12 de outubro de 2007

A gula da elite rural

O lobby da cana-de-açúcar está atuando forte. Esse é o principal assunto da mídia, desde jornalões de grande circulação até jornalecos de universidades, como o Jornal da USP. Todo mundo pregando a favor dessa cultura. Na FSP de hoje, sábado, o ex-ministro Antonio Cabrera festeja "a maior safra sucroalcooleira da história" e, sem vergonha, emenda, "sem pensarmos na Amazônia ou no Pantanal". O Jornal da USP reproduz as conclusões da Conferência Nacional de Bioenergia (Bioconfe), realizada em setembro, e dá destaque para a opinião do físico José Goldemberg, que afirma, categórico: "os biocombustíveis não provocarão queda na produção de alimentos".
É impressionante a cara de pau dessa elite. Até a FAO, órgão da ONU que pouco se lixa para países em desenvolvimento, diz que a demanda por biocombustíveis fará com que os custos de importação dos alimentos subam pelo menos 5% em relação a 2006. Entre os países que mais sofrerão com a alta dos custos de importação está o Brasil. Só prá ressaltar, o custo para importação dos alimentos para os países “em desenvolvimento” já é 90% maior do que em 2000. E note-se: o Brasil importar comida é demais!
Morei muitos anos numa cidade do interior de São Paulo, chamada Taquaritinga, onde o cultivo de frutas era forte. Mangas, goiabas, abacates, laranjas coloriam os campos, quando maduras. Dava gosto ver tanta fruta. Hoje quase tudo parece um mar de cana, um deserto. Que triste!

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