quarta-feira, 14 de maio de 2008

do Blog do Altino Machado

"Nossa querida Marina serviu mais como um daqueles rótulos bonitinhos e esteticamente bem trabalhados para identificar produtos altamente nocivos na prateleira do grande supermercado que é o comércio mundial. Aliás, foi usada para encobrir os estragos deixados por esses produtos (madeira, etanol, energia elétrica, carne bovina e por aí vai). Mas como a face eminentemente economicista desse governo começa a aparecer e ele começa a se orgulhar disso, Marina é, portanto, dispensável, vinha tornando-se até um entrave, um transtorno, um problema, como a ela se referiu certa vez o presidente. Sua demissão foi, assim, a resolução do problema no qual ela vinha se tornando para o governo e, como ela mesma diz em sua carta, “tenho o sentimento de estar fechando um ciclo cujos resultados foram significativos”, ou seja, o jogo começou a ficar duro demais e muito escancaradas as prioridades economicistas do governo.
Marina sai exaurida, espremida, desgastada. Legitimou o que tinha de legitimar, tornou-se peça antiquada dentro do governo. A utopia de Chico jamais iria continuar, mesmo que com Marina, dentro dos aparatos oficiais, primeiro porque ela (a utopia) não cabe nesse governo, ele a rejeita, depois porque Jorge Viana nunca foi suporte, porta-voz ou continuador dessa utopia. Ele a usa para executar exatamente o contrário.
Para concluir, meu caro Altino, penso que um possível ingresso de Jorge no time de um governo que começa a explicitar seus verdadeiros compromissos traduziria melhor as posturas, práticas e vocações desse político-empresário do “ramo florestal”, ou seja, estaria no lugar certo. Ao passo que a saída de Marina, se mantido seu compromisso com a causa ambiental, pode colocá-la também num lugar mais apropriado para a denúncia e a explicitação dos interesses que, muito bem representados no governo, vêem o meio ambiente como entrave e estorvo. Sua saída pode significar, portanto, uma nova força, um pequeno alento de renovação do sonho de Chico, não a sua morte".
◙ O leitor que enviou esta análise para o Blog de Altino, lá no Acre, assina como Eduardo Silva. Ele diz ser professor da Rede Estadual de Ensino.

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