quarta-feira, 13 de maio de 2009

Doações ilegais para vereadores paulistanos é superior a três milhões

A ofensiva do Ministério Público Eleitoral contra 29 vereadores beneficiados com doações da Associação Imobiliária Brasileira (AIB) em 2008 paralisou ontem os trabalhos na Câmara Municipal. Durante mais de três horas de sessão, parlamentares se revezaram na tribuna com discursos de autodefesa e críticas ao trabalho do promotor Maurício Ribeiro Lopes, da 1ª Zona Eleitoral da capital.
A representação encaminhada ontem à Justiça Eleitoral revelou que só para os vereadores eleitos a AIB repassou mais de R$ 3,1 milhões. A entidade que representa interesses do setor imobiliário assinou anteontem Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPE no qual se compromete a nunca mais fazer doações.
Segundo o promotor, por ser entidade sem fins lucrativos, a AIB não tem receita e está impedida de contribuir para campanhas. Havia ainda a suspeita de que a associação teria sido usada pelo Secovi (sindicato da habitação) para driblar legislação eleitoral, que proíbe sindicatos de fazer doações. A entidade nega irregularidade.
Entre vereadores, maior beneficiado com dinheiro da AIB foi o líder do governo José Police Neto (PSDB), com R$ 270 mil. Além de ser relator do projeto de concessão urbanística à iniciativa privada, o tucano era um dos maiores entusiastas da ideia.
Na segunda posição da lista aparece o presidente da Câmara, Antônio Carlos Rodrigues (PR), que ganhou R$ 240 mil, seguido por Paulo Frange (PTB), com R$ 200 mil. Arselino Tatto (PT), acusado de apresentar notas frias à Justiça Eleitoral, recebeu R$ 10 mil.
Na próxima semana, Lopes deve mirar investigação nas prestações de conta do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e mais 17 vereadores que receberam doações de concessionárias de serviço público.
Em peso, a Câmara rebateu acusação do MP. Para vereadores, a tese do promotor é frágil e não haverá condenação. Líder do DEM, Carlos Apolinário pediu que anistia da AIB seja estendida aos parlamentares. Em nota, disse que também receberam dinheiro da AIB o presidente Lula (R$ 50 mil), o governador José Serra (R$ 100 mil) e ex-governador Geraldo Alckmin (R$ 200 mil). O líder incluiu até o presidente do DEM, Rodrigo Maia (R$ 100 mil).
As declarações mais duras partiram de Tatto. “Nota fria é coisa de ladrão, e ladrão tem de ir para a cadeia. Apresentei notas quentes. Única falha foi não atualizar o endereço da empresa”, afirmou. Maior bancada da Casa, com 13 vereadores, o PSDB divulgou nota na qual diz serem legítimas doações da AIB.

(por Bruno Tavares e Diego Zanchetta, Jornal da Tarde)

Nenhum comentário:

Postar um comentário