Quatro anos após o que ficou conhecido como os "Crimes de Maio", vítimas dos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) ainda processam o Estado de São Paulo por indenização. A Defensoria Pública de São Paulo informou que acompanha três casos, que correm em segredo de Justiça para preservar a identidade dos envolvidos.
No final de abril de 2007, o governo do Estado de São Paulo começou a pagar indenizações aos familiares dos agentes penitenciários mortos durante os ataques. Cada família de policial morto teve direito a R$ 50 mil, de acordo com projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado, em novembro de 2006, pelo então governador Cláudio Lembo (DEM).
Em março, os familiares de 23 policiais mortos nos ataques já haviam recebido indenização de R$ 100 mil cada, por determinação do governador José Serra (PSDB). Das vítimas, 16 eram policiais militares e sete policiais civis. O total do valor pago pelo Estado, na época, era de R$ 2,85 milhões.
O Tribunal de Justiça de São Paulo informou que não acompanha os processos de indenização de vítimas dos ataques. A Secretaria de Segurança Pública do Estado afirmou que até policiais de folga na época dos eventos foram contemplados com indenizações, mas não apresentou um balanço até a publicação desta notícia.
Pesquisa do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (LAV-UERJ), desenvolvida com base nos boletins de ocorrência e laudos periciais de mortes causadas por armas de fogo no período de 12 a 21 de maio de 2006 em São Paulo aponta 564 mortos e 110 feridos, sendo 505 civis. A SSP refuta este número.
História
Os ataques tiveram início na tarde da sexta-feira, dia 12 de maio de 2006. Detentos de casas de custódia do interior de São Paulo se rebelaram, inicialmente em Avaré e Iaras. Em seguida, dezenas de penitenciárias paulistas seguiram as primeiras. No domingo, 74 presídios viam seus internos assumirem o controle.
A cidade de São Paulo parou na tarde do dia 15 de maio, em meio a uma série de boatos sobre supostos atentados a universidades, escolas e centros de compras que nunca se cumpriram. Empresas e repartições públicas dispensaram seus funcionários mais cedo e escolas liberaram alunos. O horário de pico no trânsito foi antecipado para as 16h e a rede de telefones celulares ficou congestionada. Ao escurecer, as ruas da cidade estavam desertas.
Esta já era a segunda vez que a organização promovia um amotinamento em massa: cinco anos antes, em fevereiro de 2001, mais de 20 casas se rebelaram, tornando o grupo mundialmente conhecido e desmoralizando o governo paulista, que negava inclusive a existência do PCC.
A mega rebelião de 2006 virou um marco da escalada do crime organizado no Estado e no País. As rebeliões nas penitenciárias foram acompanhadas da onda de ataques que levou terror às ruas e que também completa três anos neste mês.
(Do JB online)
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