O esquema de corrupção envolvendo a cúpula da Polícia Civil de Bauru e Jaú foi investigado e denunciado ao Ministério Público por um delegado licenciado.Roberto Fernandes tirou licença prêmio, alugou um apartamento em Bauru e trabalhou por conta própria durante seis meses para revelar os bastidores da quadrilha supostamente comandada pelo ex-Diretor do Deinter 4 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior-4), Roberto de Mello Annibal.O ex-diretor ficou à frente do Deinter 4, que engloba 89 cidades, de setembro de 2005 a maio de 2008. Ele alega inocência. Anibal se aposentou há dois meses.Em um dos trechos exibidos ontem pela TV TEM, um explorador de caça-níqueis revela que pagou propina aos policiais durante dois anos. O valor, segundo ele, era de R$ 50 por máquina”.A estimativa dele é que existiam 800 máquinas caça-níqueis, o que renderia, só em Bauru, um montante de R$ 40 mil aos policiais. “Quem não pagasse era perseguido e tinha máquinas apreendidas”. Os policiais acusados também fariam vistas grossas, mediante pagamento, em relação a casas de prostituição e desmanches de carros.Eles cobrariam um percentual fixo sobre o faturamento do estabelecimento. “Criou-se uma regra. 33% é para dividir para a polícia”, diz o empresário. A mesma pessoa afirma ainda que a partir da chegada de Annibal a Bauru a corrupção aumentou. “A polícia de Bauru se transformou em uma escola de bandidagem”, acusa.Com base nos vídeos e nas investigações , o Ministério Público abriu procedimento que resultou na prisão de 33 pessoas em março. Todas estão soltas.Há 52 acusados de envolvimento no esquema. Na lista estão 10 policiais civis, entre eles o ex-delegado seccional de Jaú, Antônio Carlos Piccino Filho, e um PM. O ex-seccional também alega inocência.Ele, Annibal e mais quatro policiais foram indiciados por formação de quadrilha, corrupção e envolvimento com a máfia dos caça-níqueis no Interior.O secretário da Segurança Pública do Estado, Antônio Ferreira Pinto, promete rigor na punição. “Agir com extremo rigor é o que está ocorrendo e será uma norma”.O técnico em eletrônica que instalou as microcâmeras e ajudou nas denúncias contra os policiais diz que investigadores e delegados desconfiaram do que ele fazia e passaram a intimidá-lo.Em uma das ocasiões, foi procurado pelo então delegado Silberto Sevilha Martins, subordinado de Annibal, que, em uma gravação, dá a entender que teria comandado um grupo de extermínio em Bauru.
Em sua defesa, Silberto disse que percebeu a tentativa de gravação e resolveu fazer uma bravata. “Isso foi investigado e nada ficou provado”, afirmou. Apesar disso, foi advertido pela polícia em um processo da corregedoria.Em relação ao esquema de corrupção, ele foi isentado de qualquer participação.
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