domingo, 2 de agosto de 2009
MP investiga envolvimento de PMs na morte de 3 pessoas em Araraquara
O Ministério Público investiga se policiais militares de Araraquara estão envolvidos na execução de três pessoas. Laudos do Instituto Médico Legal (IML) contradizem versões dadas pela polícia a cerca da mortes de suspeitos.Há quase dois meses a mãe de uma das vítimas, que preferiu não se identificar, está inconsolável. Ela lembra que o filho chegava em casa contando ter apanhado de policiais militares.Segundo ela, na quarta vez, Ivan Aparecido Valério, de 26 anos, não resistiu. Ele tinha passagem pela polícia e estava sendo levado para a delegacia suspeito de roubar um botijão de gás quando morreu. “Ela falava: ‘Esse bujão é meu’. Eles acabaram com meu filho”, afirmou.O comandante interino da PM, o major Otalício José de Souza, explicou que o rapaz foi vítima de um acidente. “Ele fugiu da viatura e acabou caindo em um buraco de três metros de profundidade”, disse.O laudo do IML mostra que os hematomas estão em várias partes do corpo de Valério. Isso fez o Ministério Público suspeitar que a morte não foi provocada por uma queda.Outros dois casos são analisados pelo promotor de Justiça Herivelto de Almeida. Um deles foi no ano passado quando João Carlos de Oliveira, de 43 anos, morreu durante uma perseguição. Ele era traficante e levou sete tiros, dois nas costas. A polícia diz que o bandido atirou contra a viatura. Já a outra morte investigada foi a execução de um outro traficante, que também foi baleado. “Indica a tipificação de um grupo de extermínio. Execução sumária com vários disparos”, afirmou.O MP pretende reabrir outros três casos parecidos que foram arquivados. Em todos eles, o promotor busca indícios de uma ação padronizada, que pode apontar para a existência de um grupo violento formado por pelo menos oito policiais. O promotor ainda disse que denúncias da população são muito importantes para as investigações.A Polícia Militar abriu sindicâncias para investigar a ação dos policiais. Todos os envolvidos foram afastados das atividades externas e, atualmente, fazem trabalhos administrativos dentro da corporação. O major Souza afirmou ainda que, se for comprovada a responsabilidade dos PMs, eles podem ser expulsos da corporação.A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanha o atendimento às famílias das vítimas. “Chama a atenção, pois mostra um aumento da violências nesses confrontos com a polícia”, explicou o presidente da comissão, Roberto Fiore. As mortes em confronto com a polícia não entram nas estatísticas de violência. O sociólogo José dos Reis Santos Filho usou notícias de jornais para fazer um levantamento. Ele verificou que, de 2005 até hoje, o número de pessoas mortas em enfrentamentos com PMs cresceu em Araraquara. Em 2005, uma pessoa morreu e somente no primeiro semestre desse ano foram quatro. “É preocupante. Ou a criminalidade aumentou o nível de periculosidade ou a polícia tem praticado ações de níveis não indicados”, ressaltou.
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