O presidente da Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo), Élio Neves, 51, foi atingido por um tiro na nuca na tarde de anteontem em seu sítio em Ribeirão Bonito. A suspeita é que tenha sido um atentado. Neves havia acabado de voltar de Porto Alegre.
Segundo o último boletim médico divulgado no final da tarde de ontem, o estado de saúde de Neves é estável, sem risco de morte.
De acordo com depoimento à Polícia Civil de Silvia Castro, ex-mulher do líder sindical e principal testemunha do crime, ela estava na cozinha da casa do sítio quando foi rendida por um homem encapuzado, de roupas escuras e luvas.
O criminoso ordenou à ex mulher que saísse da casa. Segundos depois, ela disse ter ouvido um tiro. De volta ao local, achou o sindicalista ferido no pescoço e pedindo ajuda. Neves foi levado para o Hospital São Paulo, em Araraquara, onde permanece internado, em coma induzido, na UTI.
Exames feitos ontem mostram que o líder sindical não corre o risco de ficar com sequelas por causa do tiro, apesar de a bala ter se alojado em um região próxima à coluna. Ontem, o crimes repercutiu nos meios políticos e sindicais.
Uma das últimas lutas de Neves, lembraram políticos e sindicalistas, resultou no acordo assinado por representantes de usinas e trabalhadores, no mês passado, que prevê melhores condições de trabalhos para os boias-frias.
Para o vice-presidente da CUT em São Paulo, Carlos Ramiro de Castro, o crime "é um atentado contra a organização dos trabalhadores e também contra a democracia".Presidente estadual do PT e ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva disse que o crime tem que ser apurado o mais rápido possível, já que "coloca em risco todas as lideranças dos trabalhadores, gerando instabilidade e insegurança".O deputado federal Paulo Teixeira (PT) afirmou ter pedido à Secretária de Segurança Pública empenho na investigação do crime. Ele também disse ter pedido ao ministro da Justiça, Tarso Genro, a entrada da Polícia Federal no caso.Segundo o delegado da DIG de São Carlos Geraldo de Souza Filho, responsável pelo caso, ainda não é possível dizer se o crime está relacionado às atividades sindicais de Neves.
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