A estudante de pedagogia Carolina, 29, é casada, tem dois filhos e, por opção, nos primeiros anos da relação ficou longe dos velhos amigos e parou de trabalhar.
Com o tempo, veio o desgaste, ela voltou a estudar e descobriu-se interessada por outro homem, que conheceu na faculdade. Contou para o marido, que considera um grande amigo. “Ele disse que aquilo era normal, afinal eu sou uma mulher sexualmente ativa. Anormal seria não sentir atração por outras pessoas”.
Carolina gosta do marido, ele gosta dela, mas os dois resolveram fazer um pacto: podem se envolver com outras pessoas e isso não será considerado traição.
A estudante virou adepta do poliamor, nome das relações que não são fechadas a dois e permitem parceiros múltiplos.
“Poliamor é a possibilidade de amar e ser amado por várias pessoas, sem esconder”, explica a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, autora do livro “A Cama na Varanda”, com capítulo dedicado ao tema. Segundo ela, no momento de busca pela individualidade que vivemos, começa a deixar de ser sedutor o amor romântico, que tem a exclusividade como característica e é baseado na idealização do parceiro.
Na opinião da psicanalista, daqui um tempo menos pessoas se fecharão numa relação a dois e mais pessoas optarão pelos relacionamentos múltiplos.
Em países europeus e nos EUA, o poliamor é movimento organizado, discutido em congressos. Por aqui ainda é mal compreendido e até confundido com promiscuidade.
“O difícil é lidar com o preconceito”, afirma Carolina. “É dificil encontrar pessoas que saibam do que se trata o poliamor”.Regina lembra que passamos por um processo de mudança de mentalidade e há turbulências nesse caminho.“Garanto que sou mais feliz hoje do que antes, quando me forçava a viver o que os outros diziam ser o modo normal”, revela Carolina.
O Brasil ainda não chegou ao ponto de discutir o poliamor em congressos e divulgá-lo em passeatas, como acontece nos EUA e em países da Europa.
Mas o assunto já provoca debates em comunidades abrigadas no Orkut.
A maior delas, “Poliamor Brasil”,tem mais de 1.400 membros. Alguns deles conversam também por meio do MSN e no Twitter. Trocam experiências e discutem os conceitos do amor múltiplo.Na comunidade “Poliamor Brasil”, é divulgada a informação de que 60% dos homens e 40% das mulheres têm relacionamentos extra-conjugais.
“Se a monogamia é nosso estado natural, porque ela não é fácil?”, questiona o criador do espaço. Outras comunidades debatem o “mito” do amor romântico” e os relacionamentos abertos.
Casada pela terceira vez, a psicanalista Regina Navarro Lins vive uma relação estável há 10 anos. Diz não praticar o poliamor que estuda e divulga em livros, entrevistas e programas de TV.“Mas não tenho pacto de exclusividade com meu marido”, conta. Ela considera uma indelicadeza exigir que o outro não tenha relações com mais ninguém.“A gente tem que fazer duas perguntas: sou amada, sou desejada?”Regina ouve até ofensas toda vez que fala sobre o poliamor. Atribui a agressão verbal à falta de argumentos e nem responde.“O problema é que algumas pessoas não conseguem discutir ideias”.
Apesar disso, afirma que a maior parte das reações é positiva, principalmente no Twitter, onde ela conversa bastante com os interessados no tema.
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